HISTÓRIA - A Implantação de 1ª República Portuguesa (PARTE II)

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El-Rey D. Manuel II

 Vamos começar (desta vez, do final. Do final do último post, atenção).
 Se bem se lembram, em 1908 o infante D. Manuel (agora, II) subiu ao trono português, após o assassinato do seu pai, D. Carlos, e do seu irmão, D. Luís Filipe.
 Inicialmente, D. Manuel II conseguiu uma certa simpatia do povo, talvez pela sua idade (tinha 18 anos, na altura do regicídio) ou pela forma como tinha alcançado o trono.
 Uma das suas primeiras medidas no trono foi demitir o ditador João Franco, e nomear um novo governo, presidido por Francisco Ferreira do Amaral, que ficou conhecido como "governo de acalmação".
 Este governo rapidamente caiu e a situação política do país degradou-se. Em dois anos, sensivelmente, houve 7 governos. Os partidos monárquicos (o Partido Regenerador e o Partido Progressista) ficavam cada vez mais divididos, enquanto o Partido Republicano ganhava mais e mais força.
 Em 1909, num congresso realizado em Setúbal, foi decidido que a revolução iria para a frente, apesar da progressiva ganhada de força pelo partido que iria, inevitavelmente, levar à implantação da República em Portugal.
 No Verão de 1910, Lisboa era palco de muitos boatos sobre a possível revolução. O Governo, presidido pelo Regenerador António Teixeira de Sousa, tinha sido inúmeras vezes avisado sobre o perigo de revolução, tanto que, a 3 de Outubro de 1910, todas as tropas de guarnição da cidade foram instruídas de que ficassem de prevenção.
 Enquanto D. Manuel se recolhia ao Palácio das Necessidades, o seu tio, o Infante D. Afonso dirigia-se para a cidadela de Cascais.
 Após o assassinato do Dr. Manuel Bombarda, um dos líderes da Revolução, por um seu doente, os líderes do Partido Republicano reuniram-se de emergência, na note de dia 3 para dia 4 de Outubro, para decidir a continuação ou o aborto da Revolução. Alguns militares quiseram adiar a revolução, mas o Almirante Cândido dos Reis insistiu para que continuasse. 
 Assim foi.
 Os republicanos tomaram de assalto vários quartéis de Infantaria em Lisboa, bem como os couraçados Adamastor e São Rafael.
 Uma coluna comandada por Alfredo de Sá Cardoso dirige-se para o Palácio das Necessidades, mas são interceptados por Cavalaria 4 e Infantaria 1, destacados para proteger o Palácio e o Rei. Os soldados de Sá Cardoso recuam para o Quartel de Alcântara.
 As tropas monárquicas estavam em clara superioridade numérica, e por isso, as duas colunas republicanas juntam-se a barricam-se na Rotunda do Marquês de Pombal, obtendo a ajuda de populares.
Rotunda do Marquês de Pombal ocupada
pelos republicanos
 O Marquês de Pombal tornou-se, do dia 4 para o dia 5, o centro da revolta republicana.
 Inesperadamente dá-se um grande golpe para os revoltosos: um dos principais líderes da revolução, o Almirante Reis suicida-se, durante a madrugada, por pensar que a revolução havia falhado.
 Ao receber esta informação, os oficiais republicanos Sá Cardoso e Afonso Palla abandonam a revolução, mas Machado Santos resiste, e assume a liderança do movimento revolucionário.
 Agora, as forças republicanas eram reduzidas a 700, na rotunda, metade dos quais eram populares, e mais alguns militares em Alcântara.  No entanto, nos couraçados Adamastor e São Gabriel há ainda militares prontos a desembarcar.
 Nesta revolução houve um elemento muito importante: a Carbonária, que impediu a chegada de reforços para os monárquicos, além de ter instigado, no tal Congresso de Setúbal, a própria revolução. A Carbonária lutou também diretamente no terreno e foi uma importante arma moralizadora para os republicanos.
O Couraçado São Rafael
 Voltando à narrativa: os couraçados São Rafael e Adamastor disparam contra o Palácio Real das Necessidades, e o Rei D. Manuel é aconselhado a fugir.
 Paiva Couceiro ataca a rotunda. Há um confronto, em que Paiva Couceiro parece levar vantagem, mas acaba por culminar em empate. 
 Entretanto os republicanos tomam o Couraçado D. Carlos, e dirigem os três navios para a praça do Rossio, onde se encontram os soldados monárquicos. 
 SURPRESA!
 Vários soldados monárquicos eram, afinal a favor da república! Estes soldados recusaram-se, então, a combater contra os couraçados e juntaram-se à causa republicana.
 Às 7:00h da manhã do dia 5 de Outubro, um diplomata alemão sugere, às duas partes, um armistício de 1 hora, de modo a que os estrangeiros presentes na cidade pudessem sair. O que é que acontece: o alemão foi a pé à rotunda, e levava com ele uma bandeira branca. Ao ver aquilo, a população pensou que os monárquicos se estavam a render, e começam a festejar. 
 Machado Santos, ao princípio cético, toma uma decisão: monta a cavalo e desce a Avenida da Liberdade, de encontro às tropas pró-monarquia, as quais convence a renderem-se.


 Às 9 horas da manhã desse mesmo 5 de Outubro de 1910, José Relvas proclama a República, no edifício da Câmara Municipal de Lisboa. Foi então nomeado um Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga, e composto por outros membros do Partido Republicano. No entanto, muitos republicanos, incluindo Machado Santos, contestam, logo ao inicio da tarde, nomes como Bernardino Machado, Teófilo Braga ou Afonso Costa.
 A Republica foi contestada logo de nascença, e vivia-se, mais uma vez, um clima de instabilidade política, que culminou com a instauração de uma Ditadura Militar.
 Mas isso é outra história.
 O Rei deposto foi exilado, com a família real, em Inglaterra, onde morreria, em 1932.

 E é isto. 

 Se quiserem ver isto explicado por gente que REALMENTE percebe disto, cliquem aqui.

No fundo, no fundo, o que eu tenho a dizer é: viva a República e viva Portugal!

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