HISTÓRIA - Rebelião Satsuma
Vão haver momentos neste blog em que eu vou tentar passar-vos conhecimento sobre assuntos aleatórios, sendo o mais comum "História". Caso não se lembrem, ou não tenham lido o segundo post do Blog, e passo a citar:
"Adoro História. Podia casar com História, e ter um filho chamado Afonso e uma filha chamada Patrícia."
Hoje é um desses momentos. E hoje o assunto vai ser: Shiroyama.
ATENÇÃO: O PRÓXIMO ASSUNTO PODE SER POTENCIALMENTE CHATO PARA PESSOAS REGULARES. SE VOCÊ SE CONSIDERA DE ALGUMA FORMA REGULAR, PROSSIGA COM CUIDADO, OU ABANDONE O POST
WARNING: THE FOLLOWING SUBJECT MAY POTENTIALLY BE BORING FOR REGULAR PEOPLE. IF YOU CONSIDER YOURSELF TO BE, IN SOME WAY, REGULAR, PROCEED CAREFULLY, OR ABANDON THIS POST
Shiroyama é uma colina em Kagoshima, Japão.
Nada de interessante até aqui. "Colinas há muitas, seu palerma". Ah, não, isso é chapéus.
O sumo está naquilo que se passou lá, a 24 de Setembro de 1877. Mas já lá vamos. Vamos começar do início.
A História do Japão foi sempre marcada por guerras entre clãs, e guerras civis, desde a sua unificação, no século VI. Neste contexto surgem então os Bushi (guerreiro), também conhecidos com Samurai (aquele que serve). Os Samurai eram uma classe de guerreiros, surgidos por volta de 930 d.C., como guardas e cobradores de impostos da corte japonesa.
Antes de continuarmos, e para irritar um bocadinho, deixem-me informar-vos da quantidade de separadores que eu tenho abertos neste momento: Facebook; uma página sobre Menophra abruptaria, uma borboleta qualquer; uma página do MyHeritage sobre um senhor chamado João Parreira; duas páginas de Wikipédia sobre o assunto deste post; YouTube; o post referido lá atrás e o Google Tradutor. Continuando:
Samurai a cavalo (por volta de 1800) |
No século X, os Samurai passaram a ter outras funções, como militar. Até ao shogunato Tokugawa (1603) qualquer homem do povo poderia ser um samurai, desde que se versasse no Kobudo. E foi então que o shogun tornou o título samurai numa casta semelhante aos cavaleiros medievais europeus, hereditária, apenas passado de pai para filho.
Pelo fim da era Tokugawa, os samurai eram uma classe burocrática, já que o Japão vivia um período de paz de mais de 200 anos. Nessa paz, os samurai desenvolvem áreas como o ensino de Artes Marciais, a poesia, a arte, e também um código de honra, que devia ser respeitado por todos os samurai, o Bushido.
Ponto de Situação: temos os samurai como uma casta poderosa, mais poderosa que o próprio imperador, a governar o Japão, ao serviço de um Daymiō. O Japão era um país feudal, atrasado, economicamente, e fechado ao exterior.
Em 1853, uma esquadra norte-americana chegou ao Japão, e exigiu a abertura dos portos Japoneses. Em 1867, o príncipe Mutsuhito subiu ao trono imperial e, em 1867, o shogun renuncia e o império japonês é restaurado, e entra na Era Meiji. O Imperador Meiji conduziu uma série de reformas políticas e económicas, bem como sociais, e, entre elas, a abolição da hierarquia instituída pelos Tokugawa, fazendo com que os samurais lhe devessem lealdade, e não ao Daymiō.
Saigō Takamori |
Lembram-se de eu ter falado de Kagoshima, no início? Pois bem, é nesta cidade japonesa que começou a Rebelião Satsuma. Saigō construiu escolas de treino militar em Kagoshima, parecidas com organizações paramilitares, apoiadas pelo governo de Satsuma. O forte apoio do governo de Satsuma a Saigō fez com que a região de Satsuma se separasse de facto do governo central, em 1876.
As notícias das escolas de treino militar de Saigō foram recebidas com preocupação em Tokyo. O governo
Meiji tinha lidado já com pequenas revoltas de samurai, mas um grupo de samurai liderados pelo general Saigō Takamori era muito alarmante.
Imperador Meiji em roupa tradicional |
Meiji enviou uma esquadra policial para investigar o caso, e, sob tortura, confessaram que eram espiões "ao serviço de Sua Majestade". Esta informação foi tida como suficiente para defender em Satsuma uma rebelião para proteger Saigō.
O imperador mandou, então, apreender as armas de Kagoshima, tática que foi rebatida pelos samurai e causou um conflito aberto. Esta tática do Governo Central provocou que grupos de estudantes das academias de Saigō atacassem vários arsenais.
Saigō foi persuadido a abandonar a sua "reforma" e liderar a Rebelião Satsuma contra o Governo de Meiji.
Sucederam-se então várias batalhas campais, que fizeram as tropas de Saigō recuar até Kagoshima, onde Saigō e os seus últimos homens atacaram a colina de Shiroyama, a 24 de Setembro de 1877. Tropas do exército imperial cercaram os rebeldes, e, após perdas em combate e deserções, Saigō liderava um exército de cerca de 500 homens, estando numa desvantagem de 60-1, em relação ao exército imperial, sem nenhum canhão e com acesso muito limitado a mosquetes. As tropas de Saigō foram obrigadas a derreter estátuas budistas para conseguir munições. Para prevenir fugas, o exército imperial construiu um
sistema de muros e valas. O general Yagamata queria exterminar ali a rebelião e matar Saigō.
Seppuku (Período Edo, pintura Ukiyo-e) |
Após grandes perdas de parte a parte, a Saigō restavam apenas 40 homens, e sabia que a derrota era inevitável, mas nunca se permitiu desistir, ato que o desonraria segundo o Bushido. Saigō ordenou aos seus homens que desembainhassem as suas espadas e que corressem colina abaixo, um acto que sabia ser suicida. Saigō foi ferido gravemente e pediu a um dos seus homens de confiança, Beppu Shenzuke, que lhe desse um local digno para morrer. Diz a lenda que Beppu carregou o seu general aos ombros, colina abaixo, e o ajudou a cometer seppuku, o ritual de suicídio samurai, para que preservasse a sua dignidade, servindo de kaishakunin cortando a sua cabeça, e escondendo-a, para que os seus inimigos não a usassem como troféu.
Estátua de Saigō |
Após o ritual, Beppu e os outros homens restantes correram colina abaixo, de katana em punho. Todos foram mortos a tiro. Com estas mortes terminava a Rebelião Satsuma.
Em Fevereiro de 1889, o Imperador Meiji perdoou postumamente Saigō Takamori, e, no parque central de Kagoshima encontra-se um estátua sua, em trajes tradicionais, passeando o seu cão, para que quem lá passe o lembre como um individuo pacifico, que procurou evitar o combate.
Batalha de Shiroyama (pintura Ukiyo-e, pintada por volta de 1880) |
A história da rebelião Satsuma inspirou o filme de Edward Zwick "O Último Samurai", que, apesar de inúmeros erros históricos e técnicos, tipo o facto do Tom Cruise atirar uma katana pelo ar, o que é ridículo, e.... bom, se calhar vou parar com isto... mas não deixa de ser um bom filme. Recomendo. APESAR DOS ER....
Outra coisa sensacional que se inspirou na Rebelião Satsuma, mais concretamente, na própria batalha de Shiroyama, foi a banda de power metal Sabaton, que fizeram uma excelente música chamada, lá está, "Shiroyama". A sério. Vão ouvir. É grátis! E NÃO TEM TANTOS ERROS COM....
Por alguma razão, fiquei nostálgico enquanto escrevia. Tive a mesma sensação saudosista dos Monárquicos, e isso preocupa-me.
Vamos então ver a minha barra de separadores:
Comentários
Enviar um comentário
O seu comentário é muito bem vindo! Deixe as suas opiniões, criticas ou sugestões.